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                                             1ª Edição/Junho 2016

 

Qual o desafio jurídico mais importante em relação ao setor de seguros na atualidade?

Angélica Carlini: O setor de seguros tem pelo menos dois grandes desafios. O primeiro é construir cada vez mais a credibilidade junto aos consumidores. Credibilidade esta que já existe, mas é preciso fortalecê-la, em especial em tempos de crise econômica, pois quando o dinheiro está em difícil circulação, as pessoas tendem a imaginar que só têm direitos e, nesse cenário, qualquer tipo de negativa de uma seguradora ou rejeição na subscrição de um risco pode dar ao consumidor uma sensação equivocada. É por isso que fortalecer a credibilidade junto ao consumidor me parece um grande desafio. O outro grande desafio, como sempre, é a sustentabilidade. Em um país com a economia abalada, no mundo em que a economia também não está muito fortalecida, me parece um grande desafio para seguradoras manterem a sua sustentabilidade na medida em que é preciso adotar uma gestão rigorosa, pensada, refletida e organizada. Eu tenho a sensação que aumentando a credibilidade com o consumidor e aumentando a sua sistemática na busca de resultados de solvência e sustentabilidade, com certeza o setor não terá motivos para não ir bem. 

 

Qual a importância da AIDA para superar este desafio?

Angélica Carlini: A AIDA é uma entidade eminentemente acadêmica e os grupos de pesquisas têm como principal incumbência, no setor de seguros, pensar nas soluções dos problemas já identificados e em melhorias para o segmento. Claro que isso feito dentro da Academia leva mais tempo porque o tempo do acadêmico é o tempo da reflexão, da pesquisa e do diálogo. Por isso o tempo intelectual é mais prolongado do que o tempo dos negócios, porém isso não quer dizer que a academia e o mundo dos negócios não possam dialogar. Muito pelo contrário! Nós temos excelentes exemplos no mundo todo de que há momentos em que a academia presta excelentes serviços com a sua reflexão verticalizada, aprofundada e, principalmente, com a sua reflexão plural. Nossos Grupos da Nacionais de Trabalho cumprem esse papel importantíssimo de aprofundar o debate, de construir um diálogo efetivo. ‘Setar o timing’ entre os dois segmentos nem sempre é fácil, mas o segmento acadêmico – de diálogo, pesquisa e reflexão aprofundada – é imprescindível para qualquer indústria em todo o mundo.

 

Explique o projeto AIDA nas Universidades e qual contribuição efetiva do mesmo para o enfrentamento das questões que nos afetam?

Angélica Carlini: Até onde todos nós sabemos a tradição da AIDA em todo o mundo é de convívio estreito com as universidades. Em Portugal, por exemplo, onde estive por trinta dias estudando sobre meu pós-doutoramento, o capítulo português da AIDA é um grupo de pesquisa dentro da Universidade de Lisboa. Porém, no Brasil nós ainda não temos essa tradição de proximidade, ao contrário, nós temos uma proximidade maior com as seguradoras e com os corretores de seguros, aliás, com quem a AIDA dialoga muito bem. Parece que é chegado momento, que estamos maduros, para fazermos aproximação com as Universidades, nós temos o que levar. São 15 Grupos Nacionais de Trabalho atuando efetivamente; temos quatro volumes de obras coletivas produzidas por esses grupos, com apoio da livraria de Advogados de Porto Alegre; temos um livro produzido sobre o Novo Código de Processo Civil.  Nós temos o que começar, temos pontos relevantes, não só para o aspecto econômico, mas para sociedade brasileira, ligados a seguro de vida, de pessoas no geral, de responsabilidade civil, de saúde complementar que são importantíssimos hoje para o debate da sociedade brasileira. Começamos este projeto de aproximação propondo eventos em conjunto; pesquisas em conjunto; projetos com começo, meio e fim; e que o resultado dessas pesquisas sejam novas publicações juntamente com o Programa de Mestrado e Doutorado em Direito. Estou muito animada com esse projeto fizemos os primeiros contatos e acredito que irá se desenvolver com muito vigor, pois conta com o apoio da diretoria do Conselho, nesses dois anos da gestão da Drª Ana Rita Petraroli. Espero que tenhamos, o mais breve possível, uma penetração, um reconhecimento das Universidades brasileiras, como sendo, também nós, um centro de pesquisa e de excelência do Direito do Seguro.

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